A saudade não tem ponto final. Ela é cheia de vírgulas, dois pontos, exclamações e interrogações, mas não tem ponto final. A saudade começa parágrafos, vira páginas, vira capa, mas não acaba. A saudade se revisa, se edita, com o tempo, ganha novos adjetivos, alguns pronomes, mas nunca um ponto final. A saudade têm título, subtítulo e legenda. A saudade pode ter vários capítulos curtos, poucos capítulos longos. Pode ser “fantástica”, realista, contemporânea. A saudade pode ter poesias, poemas, prosas, crônicas, dramas, comédias. A saudade faz suspense, mas não morre. Saudade é bossa, é samba é rock and roll, é punk. Saudade (h)ouve ópera, buffa! Só vida. Saudade é presente, passado, futuro e principalmente durante. Nossa, saudade é durante. Saudade vem em letra maíscula, minúscula, sublinhada, itálica e em negrito. Saudade têm grifo, nota do redator e ERRAMOS. Mas sempre impressa. Saudade vira notícia, manchete e furo. Saudade é pauta. Saudade vem em ondas de rádio, orkut, tv, câmera, jornal. É todo dia, a boa do dia. Todo dia.
(Camilla Tebet)